Moda x Estilo

domingo, 1 de maio de 2016
A gente entende que a moda é capaz de assumir diferentes significados e múltiplas facetas dentro deles. E não tem jeito, a relação com a moda existe pra todo mundo. Quer você se interesse ou não, ela vai estar presente em diversos momentos da vida. Seja numa conversa descontraída com as amigas, acompanhando alguém num passeio de compras, seja numa imposição de traje pra uma entrevista de emprego, casamento, formatura, etc. 

Pra nós, mulheres, essa relação comporta uma intensidade ainda maior. Existem padrões diversos que vêm de inúmeras direções nos atordoar nos momentos de interação com a moda. Eles nos abordam através daquelas frases que fazem os olhos revirarem, do tipo "essa saia está muito curta", "você está muito relaxada, precisa se cuidar", "deu uma engordadinha, ein, querida?", "você vai com essa roupa mesmo?!" - dentre tantas e tantas outras com as quais nós jamais estaremos acostumadas. Não é à toa que muitas pessoas associam a moda a uma imposição, uma ditadura das passarelas (e agora das redes sociais também, né?), e acabam tendo uma visão negativa sobre o assunto. Eu mesma já tive vários conflitos internos, discussões comigo mesma em que me questionava o porquê de me interessar tanto por algo que frequentemente inflige dor em tantas pessoas, em mim também, claro (!), que muitas vezes faz a gente não se amar, questionar por que nasceu com esse cabelo, essa pele, esse nariz, esse quadril, que são tão pouco descolados e simplesmente não deixam você ser aquilo que te mostram que é legal. Que, às vezes, faz as pessoas questionarem por que nasceram simplesmente. (ó a complexidade do tema!!) Haja inconveniência genética, não é mesmo? - NÃO.

Pois bem. Nessa busca por fazer sentido, fui percebendo que a moda não é amiga, nem vilã. Não se trata de uma entidade criada pra tornar nossas vidas menos divertidas, tampouco pra nos salvar. Ela não tem caráter. Como quase tudo na vida, é o que fazemos dela. A chave aqui, pra mim, é não darmos à moda a condição de sujeito, mas de ferramenta. Sujeitos somos nós! Já a moda, essa deve ser tratada como instrumento pra gente se expressar, encontrar nosso estilo e se colocar no mundo da forma que a gente bem entender! 

Percebem a sutileza?  Moda e estilo são palavras de um vocabulário comum, são bem próximas, mas possuem auras diferentes o suficiente pra que a nossa reação a elas também seja. Já viu alguém reagir mal à palavra estilo, à característica "estilosa"? Eu posso dizer que não. Essa recepção mais calorosa ao estilo se deve, acredito, a sua proximidade com o "eu". O estilo é mais próximo da gente do que dos objetos, das aquisições, das regras, que parecem conversar mais com o mundo da moda. Acaba sendo uma questão de qual tem mais alma. 

Daqui em diante o assunto dá é pano pra manga. Podemos analisar a nossa relação com os bens materiais, a própria objetificação do ser humano (principalmente das mulheres) que tem muito a ver com o tema, como nós mesmos, enquanto coletividade, criamos os monstros que nos assombram e nos vemos encurralados por eles, e muitos mais questionamentos que fazem nossa cabeça quase explodir - mas dão aquele chacoalhão necessário pra gerar uma inquietação super saudável que às vezes a gente perde por estar num estado quase dormente nas nossas rotinas. 

Por enquanto, a discussão segue na reflexão em torno da nossa relação com a moda e com nós mesmas. A questão que fica é o quanto a gente se conhece, o quanto a gente sabe o que nos faz bem e o que nos consome. É pra pensar!


Nenhum comentário:

Postar um comentário